Ao
contrário da Copa, onde o foco era apenas um esporte, as Olimpíadas trazem
diferentes esportes e diferentes perspectivas de preparação física e mental
que cada atleta precisa passar. Existe um clima diferente ao se dizer: sou um
atleta olímpico. Independente de qual país seja, um atleta olímpico está alí
depois de muito esforço pessoal, não interessa se o mesmo está em um país rico
ou pobre, o esforço individual da classificação para tornar-se um atleta
olímpico tem que ser respeitado.
Muitos
deles tem um grau de dificuldade de vida maior, mas na hora que estão na
quadra, no tatâme, no campo, na pista, na piscina, ou seja onde for: eles são
todos atletas olímpicos e precisam ser respeitados por isso. Respeito esse que
vai muito além de partido político, situação financeira do páis a qual o atleta
representa, regime, religião ou qualquer outra influência externa. Trata-se de
um atleta que passou anos se preparando para talvez performar por apenas um
minuto, e esse um minuto para ele é sagrado e precisa ser aplaudido – e não
vaiado.
Atleta
olímpico é superação independente de nacionalidade, por sorte ontem tivemos uma
Brasileira que mostrou uma raça e um coração enorme, que talvez muitos
brasileiros (os que criticaram ela) nem mereçam. Não tenho dúvidas que a
disciplina militar da Marinha
do Brasil ajudou a esculpir esta campeão, que enfrentou críticas e
preconceitos. Mostrou que disciplina, consistência e acima de tudo: vontade de
vencer acreditando em você e nas suas capacidades, podem lhe levar longe.
Parabéns Rafaela!
E para quem
acha que no esporte existe fronteiras e que só por que está nos EUA já vai dar
tudo certo, Simone
Biles é um exemplo de quem teve sérios problemas na infância. Filha de uma
mãe viciada em drogas acabou tendo que ser adotada por uma outra família e
nessa turbulência, encontrou no esporte (ginástica) uma forma de concentrar
seus esforços e sua força. Hoje está no Rio, entre uma das melhores dos time
dos EUA.
Para os “não
atletas”, muitas vezes um minuto não é nada, e é aí que muitos cometem um
grande erro: ignorar os detalhes. Na minha época de colégio, como golerio de
Futsal eu tinha a noção que um minuto era suficiente para mim ser o heroi da
partida ao defender uma bola difícil, ou o vilão ao levar um frango. Então
sempre me antentei muito aos pequenos detalhes, depois que deixar de ser atleta
e o bucho cresceu, comecei a ignorar um pouco os detalhes, inclusive o tamanho
da pança. Somente depois de voltar a ser atleta já nos 39 anos, vi o quão
importante é manter-se atento aos detalhes em tudo que faz nada vida.
Quantas
pessoas eu já entrevistei para entrar no meu time na Microsoft que bombaram
logo nos primeiros 2 minutos por falta de preparação? Várias! Esta primeira
impressão e este primeiro contato fica marcado, e torna-se complicado reverter
(note que digo complicado, e não impossível). O mesmo ocorre quando estou
palestrando, e tento fazer dos primeiros minutos da palestra algo que
imediatamente faça com que o cara pense: opa, vim para o canto certo!
Detalhes...detalhes e mais detalhes!
No
fisiculturismo treinamos o ano todo para 1 ou 2 minutos de comparação no palco.
Tudo é importante, não só o tamanho muscular, mas a definição, simetria e
principalmente: como você se apresenta. Na minha última competição estava
esperando entrar e no backstage vi que o grupo era equilibrado, mas tinha um
cara que se destacava, e pensei: é, esse aí pode me bater. Porém ao entrar no
palco e começar as poses mandatórias para avaliação, percebi que ele não sabia
pousar, o cara era grande, mas não sabia contrair o músculo ao ponto de
destacá-lo. Durante minha preparação treino isso pelo menos um hora por dia,
três vezes na semana. Repetitivo, uma hora de poses mandatórias, faz, refaz,
faz de novo, até exaustão. Então para mim, ao perceber isso, não só me senti mais
confiante mas também usei ao meu favor.
Preparação
é super importante! Desde 2011 eu e o Tom Shinder palestramos juntos, e uma
coisa que sempre fazemos duas semanas antes da nossa apresentação é ensaiar.
Fazemos uma sessão Skype, compartilhamos nossa deck e cada um fala sua parte.
Identifcamos pontos de melhora um do outro e partimos adiante para melhorar no
segundo ensaio. Ao chegamos no palco sabemos exatamente o que cada um vai
falar, o ponto que devemos interromper, e até mesmo as brincadeiras que podemos
fazer.
Minha filha
Ysis tem 7 anos, começou a tocar bateria com 6 e já fez vários shows aqui no
Texas. O Professor dela no último show deu uma música considerada difícil para a
idade dela, trata-se da música Eletric Funeral do Black Sabbath. No primeiro
dia que estavamos em casa tocando ela literalmente chorou dizendo que era muito
difícil e não ia conseguir. Eu olhei para ela e disse: você vai conseguir, mas
para isso você precisa praticar, e depois pratica mais, e quando estiver
cansada, pratica mais ainda. Ela respirou fundo e voltou para bateria, ficou
praticando e melhorando. Durante um mês ela tocava essa música todo santo dia,
mais de uma vez por dia. Resultado: no dia do show arrebentou! Prática leva a
perfeição, em tudo que se faz na vida.
Temos muito
para aprender com os atletas que praticam seus movimentos diariamente, várias
vezes por dia até a exaustão. Temos muito que aprender com estes atletas que
nunca desistem, mesmo quando a situação não está favorável. Temos muito que
aprender com estes atletas que estão sempre atentos aos detalhes.
Da próxima
vez que pensar em vaiar um atleta, reflita e apenas aplauda!
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