Exatamente
hoje fazem quatro anos que meu Pai faleceu. Não vou mentir dizendo que sempre
tivemos uma relação de “pai e filho”, ele saiu de casa eu tinha quatro anos, e
tive uma adolecência complicada com ele. Mas nada melhor como o tempo para
curar, amadurecer as pessoas e fazê-las refletir sobre as reais prioridades da
vida. Quando meu pai faleceu ei tinha 38 anos, e acho que destes 38 vivi uns 15
anos de relacionamentomento estável com ele, os outros 23 foram feitos de altos
e baixos.
Todo ano,
nesta data, gosto de ir no meu correio eletrônico e procurar por emails dele, é
uma forma de ler as palavras dele, e imaginar a voz dele dizendo aquelas
palavras. Hoje ao rever alguns emails dele de 2008, 2009, entre outros, vi
alguns emails que eram só para perguntar como eu estava, só para desabafar, só
para saber como iam as coisas, etc, coisa de Pai mesmo, mas coisa que hoje em
dia não tenho. O engraçado é que quando temos nossos Pais por perto, fazendo
perguntas que as vezes parecem até ser óbvias ou “bestas”, ignoramos, rimos, ou
deixamos para lá....afinal é Pai ou Mãe perguntando/falando. Ao mesmo tempo,
quando algum amigo diz algo similar, aí você da atenção, acha o máximo que a
pessoa se “lembrou” você...afinal é amigo(a). Pois é meu caro, depois que
perdemos é que vamos entender o quanto aquela simples pergunta “besta” faz uma
diferença, o quanto aquela demonstração de amor sem pedir nada em troca é
importante. Aos 42 anos de idade, mais que nunca entendo o valor do amor
incondicional dos Pais, pois acima de tudo sou Pai de duas meninas, e hoje sou
eu que faço as perguntas “bestas”, ou demonstro o óbvio – que é o amor de Pai. É
aquela risada besta do Pai quando o filho faz algo que nimguém acha engraçado,
mas você acha o máximo, é o aplauso do Pai quando o filho alcança algo
importante para ele, mas você nem entende o que ele tá falando – mesmo assim
vibra com o sucesso dele.
Porém hoje
em dia vejo que os valores ainda estão mais inversos ainda, a valorização, e a
cultivação de herois virtuais tomou uma dimensão grandiosa, graças as redes sociais.
Pessoas veneram alguém que nem conhece, seguem e vivem a vida de alguém que
sequer sabe que ela (o seguidor) existe, pois para muitos: você é só mais um na
multidão, só mais uma “curtida”, só mais um “seguidor”. Pessoas brigam com
outras por causa de ideologia política, ropem amizades de anos simplesmente por
que o amigo “curtiu” uma página que vai de encontro as opiniões da outra
pessoa. Meu amigo, não tá fácil, na realidade tá FODA!
Não estou
aqui dizendo que não devemos ter ídolos, pelo contrário, ter alguém para
cultivar uma admiração é importante, até mesmo para usar as coisas boas daquela
pessoa como parâmetro, almejar algo para sí que se espelhe no sucesso de outra
pessoa, tudo isso é salutar. Mas as pessoas estão colocando isso acima do real,
e vivendo em um mundo virtual onde os sentimentos são medidos pelos
comentários, e a pela quantidade de curtidas. Que o relacionamento é forte até
que alguém de “um clique” em uma página que contém algo que você não goste.
A amizade ficou
mais vulnerável, pois ela é medida através de uma selfie com um amigo, tal
selfie com sorrisos e bons momentos durou 5 segundos, depois cada um foi para
seu lado, ou cada um baixou a cabeça e começou ao usar o fone novamente. Os
momentos de horas de bate papo se foram, hoje a vida é definida em pequenos
segundos. Por este motivo está tudo mais vulnerável, pois o sentimento real
ficou de lado, e agora tudo vira imagem.
Neste reflexo de quatro anos sem um verdadeiro amigo, eu digo: o verdadeiro amigo faz falta pra caralho! Mas ficam os ensinamentos, e a certeza que tenho que ser melhor para minhas filhas, evitar os erros que meu Pai cometeu, e viver o real intensamente, dia após dia.
Neste reflexo de quatro anos sem um verdadeiro amigo, eu digo: o verdadeiro amigo faz falta pra caralho! Mas ficam os ensinamentos, e a certeza que tenho que ser melhor para minhas filhas, evitar os erros que meu Pai cometeu, e viver o real intensamente, dia após dia.