sexta-feira, setembro 22, 2017

Valorize o que é Real

Exatamente hoje fazem quatro anos que meu Pai faleceu. Não vou mentir dizendo que sempre tivemos uma relação de “pai e filho”, ele saiu de casa eu tinha quatro anos, e tive uma adolecência complicada com ele. Mas nada melhor como o tempo para curar, amadurecer as pessoas e fazê-las refletir sobre as reais prioridades da vida. Quando meu pai faleceu ei tinha 38 anos, e acho que destes 38 vivi uns 15 anos de relacionamentomento estável com ele, os outros 23 foram feitos de altos e baixos.


Todo ano, nesta data, gosto de ir no meu correio eletrônico e procurar por emails dele, é uma forma de ler as palavras dele, e imaginar a voz dele dizendo aquelas palavras. Hoje ao rever alguns emails dele de 2008, 2009, entre outros, vi alguns emails que eram só para perguntar como eu estava, só para desabafar, só para saber como iam as coisas, etc, coisa de Pai mesmo, mas coisa que hoje em dia não tenho. O engraçado é que quando temos nossos Pais por perto, fazendo perguntas que as vezes parecem até ser óbvias ou “bestas”, ignoramos, rimos, ou deixamos para lá....afinal é Pai ou Mãe perguntando/falando. Ao mesmo tempo, quando algum amigo diz algo similar, aí você da atenção, acha o máximo que a pessoa se “lembrou” você...afinal é amigo(a). Pois é meu caro, depois que perdemos é que vamos entender o quanto aquela simples pergunta “besta” faz uma diferença, o quanto aquela demonstração de amor sem pedir nada em troca é importante. Aos 42 anos de idade, mais que nunca entendo o valor do amor incondicional dos Pais, pois acima de tudo sou Pai de duas meninas, e hoje sou eu que faço as perguntas “bestas”, ou demonstro o óbvio – que é o amor de Pai. É aquela risada besta do Pai quando o filho faz algo que nimguém acha engraçado, mas você acha o máximo, é o aplauso do Pai quando o filho alcança algo importante para ele, mas você nem entende o que ele tá falando – mesmo assim vibra com o sucesso dele.

Porém hoje em dia vejo que os valores ainda estão mais inversos ainda, a valorização, e a cultivação de herois virtuais tomou uma dimensão grandiosa, graças as redes sociais. Pessoas veneram alguém que nem conhece, seguem e vivem a vida de alguém que sequer sabe que ela (o seguidor) existe, pois para muitos: você é só mais um na multidão, só mais uma “curtida”, só mais um “seguidor”. Pessoas brigam com outras por causa de ideologia política, ropem amizades de anos simplesmente por que o amigo “curtiu” uma página que vai de encontro as opiniões da outra pessoa. Meu amigo, não tá fácil, na realidade tá FODA!

Não estou aqui dizendo que não devemos ter ídolos, pelo contrário, ter alguém para cultivar uma admiração é importante, até mesmo para usar as coisas boas daquela pessoa como parâmetro, almejar algo para sí que se espelhe no sucesso de outra pessoa, tudo isso é salutar. Mas as pessoas estão colocando isso acima do real, e vivendo em um mundo virtual onde os sentimentos são medidos pelos comentários, e a pela quantidade de curtidas. Que o relacionamento é forte até que alguém de “um clique” em uma página que contém algo que você não goste.

A amizade ficou mais vulnerável, pois ela é medida através de uma selfie com um amigo, tal selfie com sorrisos e bons momentos durou 5 segundos, depois cada um foi para seu lado, ou cada um baixou a cabeça e começou ao usar o fone novamente. Os momentos de horas de bate papo se foram, hoje a vida é definida em pequenos segundos. Por este motivo está tudo mais vulnerável, pois o sentimento real ficou de lado, e agora tudo vira imagem.

Neste reflexo de quatro anos sem um verdadeiro amigo, eu digo: o verdadeiro amigo faz falta pra caralho! Mas ficam os ensinamentos, e a certeza que tenho que ser melhor para minhas filhas, evitar os erros que meu Pai cometeu, e viver o real intensamente, dia após dia.

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