sábado, dezembro 16, 2006

Trezentos e vinte / três

Como o tempo passa rápido...
...a 1095 dias atrás eu estava chegando nos Estados Unidos, cheio de esperança, cheio de dúvidas, cheio de motivação e cheio de saudade. Todos estes sentimentos continuam vivos em mim, principalmente o sentimento chamado saudade. Este é meu quarto aniversário longe da minha família, dos meus amigos e da minha terra. É difícil, com certeza não é fácil como todos imaginam que seja, mas a vida é uma escolha e as vezes tais escolhas não são fáceis de ser tomadas.

Aprendi muito nestes três anos aqui....
...aprendi que o Brasil tem muito a melhorar e que é uma pena uma terra tão bonita, tão cheia de belezas naturais, com um povo tão vivo, ter tantos problemas de infra-estrutura, corrupção e injustiça.
...aprendi que os Estados Unidos é um ótimo país para se viver, mas que não é fácil como todos pensam, se trabalha muito mas com a grande vantagem de que somos reconhecidos no final.
...aprendi que distante da nossas origens passamos a dar mais valor a cada pedacinho de terra que nos faz falta, detalhes da vida.
...aprendi que pessoas sem escrúpulos existem em todo canto e que não devemos confiar em todo mundo. Foram três anos de aprendizado, seja na vida pessoal, seja na vida profissional....valeu a pena.

Posso dizer que sou feliz....este aniversário de 32 anos, junto com estes 3 anos de EUA tem um significado bem especial, graças a Deus tenho amigos por perto, tenho minha esposa e filha por perto, tenho pessoas ao meu redor que me amam de verdade...
...triste são aqueles que não tem amigos de verdade, que criam relacionamentos baseados em política de boa vizinhança, que vivem amargurados sem ter um sentido na vida, que se lamentam mesmo tendo tudo que precisam para viver, que nunca estão felizes mesmo sem ter porque.

Deus tende piedade de vós....

I have swept away your offenses like a cloud, your sins like the morning mist. Return to me for I have redeemed you [Isaiah 44:2]

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Coisas da Minha Terra

Final de semana passado foi feriado aqui nos Estados Unidos e fomos acampar no Arkansas, em um parque estadual. Foi muito bom, o clima tava ótimo e o local era fantástico. O clima me lembrou muito o tempo em que acampávamos em Maranguape e Pacatuba, com a diferença que aqui é seguro enquanto que lá já não posso dizer o mesmo.

O mais triste para mim é saber que a minha terrinha tem muitas belezas naturais porém falta infraestrutura e segurança na cidade. Lembro que quando acampei pela última vez em Maranguape fui assaltado e levaram tudo e isso foi no mínimo a 12 anos atrás, hoje a coisa tá pior.

Hoje eu estava lendo o jornal da minha terrinha quando vi que em um parque da cidade onde as pessoas costumam fazer suas caminhadas e apreciar a beleza do local (pois é de fato bonito) um grupo de 50 pessoas foram assaltadas durante a caminhada. E o pior não foi isso, pois isso naquele parque já se tornou normal, o pior foi quando um dos assaltados chegou na guarita da polícia pedindo ajuda e o guarda disse que não podia deixar a guarita pois não tinha ordens para isso. Brincadeira hein, então tá fazendo o que naquela guarita?

O descaso é demais, nesta mesma redondeza mataram uma pessoa justamente na época que eu estava no Brasil em 2005. Pior que mataram sem motivo, pois já tinham levado a bolsa da pessoa, mas o ladrão olhou para trás e viu que o cara tinha se virado para ver em que direção o ladrão corria, aí matou o rapaz que estava indo para a faculdade.

O que acho pior de tudo isso é conversar com alguns amigos que estão em Fortaleza e eles dizerem: que é isso cara, você exagera, violência tem em todo canto!!! Bem, esse é o ponto: chegamos no pior estágio, que é ver a violência como algo normal, cotidiano, acha-se que isso faz parte da vida. Que o culpado não é o ladrão, mas você por andar desatento na rua...o culpado não é o ladrão, é você pois foi passar logo naquela esquina que é perigosa. Incrível que essa mentalidade é compartilhada por tantos...

Não quero com isso dizer que aqui é perfeito, existem loucos em todos lugares, porém não há essa violência banal, o medo constante, isso não há. Certa vez estavamos indo em uma loja de móveis e paramos o carro, enquanto desciamos parou um Porshe conversível e o cara saiu do carro, ficou lá o toca CD, bolsa, tudo aberto e ele simplesmente saiu e entrou na loja. Eu falei para minha esposa: se isso fosse no Brasil quando ele voltasse acho que nem o carro teria mais.

Esse tipo de conforto que você tem é o que paga muito a saudade da terra de onde nasceu, pois quer queira ou não se sente falta dos amigos, da família que ficou e dos locais que frequentava. Mas quando se põe na balança tudo que se perde e tudo que se ganha, tudo que se pode ganhar e tudo que se pode oferecer aos filhos, então realmente fica difícil até de comparar.

Espero que um dia isso mude, pois não quero estar longe da minha terra a minha vida inteira...