sexta-feira, maio 08, 2015

Celebre a Diferença

Neste momento este voltando de Chicago, onde estava participando do Microsoft Ignite. Mas deixa para falar desta conferência em outro momento. Gostaria de falar do filme que trouxe comigo para assistir durante o vôo, chama-se Imitation Game (não sei ao certo como foi traduzido no Brasil). Este filme foi baseado em fatos reais, que mostram como um grupo de matemáticos liderados por Alan Turing foram capazes de quebrar a máquina de criptografia usada pelos alemães na segunda guerra mundial, a famosa “Enigma”. Para quem é da área de tecnologia e segurança da informação esse filme é fascinante, pois mostra que antes mesmo de qualquer recurso computacional, Alan Turing criou uma máquina para combater a outra máquina. Ao passo que a Inglaterra e todos outros aliados tentavam quebrar isso na “mão”, através da contratação dos matemáticos mais renomados da época, Alan já chegou mostrando que a única forma de quebrar o “enigma” era através da criação de uma outra máquina que pudesse “decrypt” o código cifrado.

Bem, todo esse papo geek é maravilhoso no filme, porém tem um lado que vai se desenvolvendo a medida que o filme vai passando que ainda é mais interessante. Alan Turing era homosexual, desde novo ele criou este afeto por um grande amigo de escola e com o passar do tempo descobriu que ele sentia atração por garotos. Porém, na época ser homosexual na Inglaterra era um crime, o sujeito poderia inclusive ser preso, o que me assombra é lembra que isso não faz tanto tempo, na realidade pouco mais de 50 anos. Alan continuou sua saga de dois anos no desenvolvimento desta máquina que iria quebrar o Enigma, que por sua vez recebeu o nome de Christopher, seu primeiro (e talvez único) amor. Quando começou a funcionar de forma plena, a capacidade de quebrar as mensagens enviadas pelos Alemães foi capaz de encurar a guerra em 2 anos e com isso estima-se que mais de 13 milhões de vidas foram salvas.

O problema é que durante estes anos trabalhando para o Governo Britânico, a vida de Alan foi vasculhada e com isso descobriram que ele era homosexual. O Governo condenou Alan a 2 anos de prisão ou 2 anos de tratamento hormonal (algo que era usado na época para “curar” a pessoal que se revelava homosexual). Após um ano de tratamento, Alan cometeu suicídio em Junho de 1954, ele tinha apenas 41 anos de idade. Por fim, como pode ser visto abaixo, em 2003 a Rainha Elizabeth garantiu um pedido real de desculpas (mínimo diga-se de passagem):

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Bem, esse é apenas um breve sumário do filme, que recomendo demais que todos assistam e reflitam sobre o tema. O mundo avançou bastante no que tange a mentalidade, e ainda bem atrocidades como estas não são cometidas mais hoje (em alguns lugares – infelizmente ainda existe muito, mas muito preconceito). Alan salvou 13 milhões de vida com sua máquina, mas não conseguiu salvar a sua própria vida pois o Governo (como sempre, o governo que quer decidir o que uma pessoa pode ou não ser) preferiu tentar “curar” o que eles entendiam como um problema.

Gente.....é através do conhecimento aprofundado do passado que procuramos aprender e não cometer os mesmos erros. Vamos parar de condenar as pessoas pelas suas diferenças de gosto, cor, orientação sexual ou raça. Cada pessoa é diferente, cada pessoa é um universo e não cabe a mim, a você ou a nimguém julgar. Mesmos os religiosos que dizem que a homosexualidade está acabando com a família tradicional, deveriam pensar que foi um homosexual como Alan que salvou milhões de pessoas, pelo puro amor ao que gostava de fazer: pesquisar, estudar e resolver problemas. O mundo melhorou bastante, mas ainda tem muito, mas muito para aprender e o ser humano ainda tem muito chão pela frente para poder um dia bater no peito e se achar um ser racional...pois discriminar alguém pela escolha de como ela decidiu viver sua própria vida é algo que pode ser categorizado de tudo, menos racional.

Obrigado Alan Turing, você é um exemplo!

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