terça-feira, março 25, 2014

Usando ITIL para Aprimorar sua Condição Física

Peraí Yuri é sério isso? Vai misturar TI com cuidados com a saúde/corpo? Vou sim, tem alguma regra dizendo que não pode? Se tiver, vamos acabar com esse mito! Como uma boa parte de vocês já estão sabendo, venho escrevendo um livro em inglês que aborda o tema de alcançar o seu melhor. Este livro está sendo feito em parceria com a Jodi Miller, que é uma profissional da área de educação física, Ms Olympia Natural em 2011 e 2012, que mora aqui na região de Dallas e está previsto para ser lançado aqui nos EUA no verão deste ano. Muito do que estamos escrevendo neste livro é baseado em experiência pessoal sobre o assunto, e para mim que sou originalmente da área de TI, é totalmente comum tentar aplicar boas práticas desta área no meu dia a dia “não relacionado a TI”, e é aí que entra o ITIL.

Quem é da área de TI sabe o que é o ITIL e um dos estágios do ciclo de vida do serviço (Service Lifecyle) é o CSI (Continual Service Improvement). O principal foco do CSI é aumentar a eficiência através da maximização da efetividade e otimização do custo do serviço. Beleza Yuri, entendi, mas o que isso tem haver com minha mudança física ou com minha manutenção física? Muito bem meu caro, para começar você tem que entender que a manutenção física não deve ser jamais vista como “manutenção” e sim como “melhoria”. Sempre há espaço para melhorar. Se você corre 5K, que tal tentar 6K e depois 7K e quem sabe chegar a 10K? É um processo continuo de melhoria, correto? Com isso chegamos à frase do Doutor W. Edwards Deming, que disse: “Melhorar constantemente, e para sempre” (“Improve constantly, and forever”).

No mundo de hoje, seja na área de TI ou na vida pessoal, é pouquíssimo provável que você de fato queira apenas manter, você quer melhorar sempre, e isso faz parte. Com a depreciação de tudo, se você apenas manter, vai chegar uma hora que você vai começar a perder, então o processo de melhoria continua usado no ITIL pode também ser aplicado a sua melhoria continua de vida, de saúde e de condicionamento físico. Inclusive o modelo do CSI mostra isso claramente, veja:

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Fonte: https://www.ucisa.ac.uk/~/media/Files/members/activities/ITIL/continual_service_improv/ITIL_Introducing%20Continual%20Service%20Improv%20pdf.ashx

Seguindo o diagrama acima, é possível notar que tudo começa com uma visão, nela você estabelece seu objetivo. No meu caso minha visão era: quero um dia poder estar apto a competir em um torneio de fisiculturismo. Essa visão, foi estabelecida em Outubro de 2011 e desde então a visão continua sempre a mesma, porém tudo que é necessário para que aquela visão seja alcançada faz com que a engrenagem continue movendo. Em seguida vem a pergunta: Onde estamos agora? Essa pergunta eu me fazia a cada três meses (no primeiro ano), trata-se da autoavaliação. Para alcançar minha visão eu tinha que começar emagrecendo 100 libras, e com isso meu primeiro ano foi basicamente de emagrecer e fazer uma reeducação alimentar.

A pergunta seguinte era parte do processo de autoavaliação, algo que me dava dados tangíveis do que fazer daquele ponto em diante para continuar melhorando, ou seja, a pergunta era: onde você quer chegar? Era preciso ter foco no destino e este destino poderia ser através de metas trimestrais (que era meu caso). Após entender aonde você quer chegar, vem à pergunta: o que devo fazer para chegar lá? Como diz o diagrama, este é o ponto de melhorias e reengenharia. Isso pode ser alcançado com mudanças na dieta, inclusão de nova suplementação, trocar algum suplemento que não está surtindo os resultados devidos, trocar o treino ou fazer ajustes no treino. Rever o que está sendo feito e melhorar para chegar ao próximo destino.

Chegamos agora na avaliação trimestral (no meu caso), e vem à pergunta: consegui chegar lá? Como mostra o diagrama agora é a hora de rever as métricas. No caso corporal, ver o peso, o percentual de gordura, etc. Depois disso vem a grande pergunta na parte esquerda do diagrama: como continuar mantendo este momentum? Bem, aí vem o fator auto motivação, pois muitas vezes o resultado não é o que você esperava e é aí que muita gente desiste, pois acha que foi um sacrifício por água abaixo. Porém, imagine se na tecnologia da informação os gerentes, gestores desistissem de um projeto só porque a coisa não está andando como deveria, imagina? O que será que aconteceria com este profissional? Demissão, claro!

O ITIL é fantástico quando aplicado na prática em um ambiente de TI, porém venho notado que os princípios básicos também podem ser replicados no dia a dia independente de TI, e isso faz com que a coisa comece a fluir melhor, pois você fica mais engajado em fazer acontecer. Eu já estou nesta estrada da mudança a exatos 2 anos e 5 meses, e como eu disse nesta foto que publiquei no meu Instagram, a melhor forma de você ver seu próprio progresso é olhar para trás e ver de onde você começou.

Chega dessa história que profissional de TI tem que ser assim:

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2014, rumo a visão final do projeto!!

sábado, março 22, 2014

Metade do Primeiro Ano

Hoje completam seis meses que meu Pai partiu, não sei ao certo se tenho a dimensão correta do tempo, pois não o vi no caixão, não vi o enterro e na minha memória a única imagem que tenho dele é vivo. Não sei ao certo como será meu re-encontro com ele, ou melhor, conhecer seu túmulo quando for ao Brasil. Talvez vai ser o momento de entender que essa fase da vida passou, agora ele é eterno e está sempre ao meu lado.

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Muita gente pensa que sempre fui “apegado” com meu Pai, e a verdade é que não foi sempre assim. Meu Pai saiu de casa eu não tinha nem quatro anos completos, eu não tenho memória nenhuma do meu Pai brincando comigo quando criança, não tenho memória nenhuma de tomar um café da manhã com meu Pai ou dar um beijo nele antes de ir dormir. Todas minhas memórias de infância são com minha mãe e com minha vó Albertina, que morava conosco. Meu relacionamento de adolescente com meu Pai também não foi muito amigável, brigavamos muito, talvez por sermos parecidos em alguns aspectos.

Foi preciso eu crescer, formar uma família, ser Pai para de fato entender o quão importante é ter um Pai. Estou casado a 15 anos, e durantes estes últimos 15 anos foi que tive um excelente relacionamento com meu Pai. As vezes você precisa de fato crescer, ter sua própria experiência como Pai para entender os motivos que levaram seu Pai a fazer algo ou a não fazer algo. O tempo e a experiência lhe trazem paciência e saber, use-os da melhor forma possível.

Hoje, seis meses depois da partida do meu Pai, ainda tenho vários momentos de pensar nele, de sentir saudades de falar com ele, de ouvir ele dizendo: “diga aí mestre!”. Lembro-me de uma conversa que tivemos quando ele ficou sabendo que precisaria fazer uma transplante de fígado. Eu disse: “Rapaz, pense pelo lado positivo, o senhor vai ter um fígado novinho agora, só não pode voltar a beber viu!”, ele sorriu no telefone e disse: “É verdade meu filho”. Queria muito ter tido uma conversa com ele antes de ele ter partido, uma conversa onde nós pudessmos falar um para o outro, não como foi, que eu falava, ele ouvia mas não podia responder. Eu sei que ele ouviu tudo que eu disse, mas como é duro lembrar que não pude falar com ele pessoalmente e ouvir a voz dele pessoalmente. Seis meses se passaram, a vida continua, todos os filhos dele estam bem, e todos guardam uma grande lembrança do Pai que tiveram. Seis meses se passaram, a ferida vai sarando mas a saudade é eterna!

Para finalizar, achei um texto no Blog do meu Pai chamado “Eu Te Amo”:

Quando eu Morrer...

Não quero ninguém chorando, pois para onde vou não haverá choros, só quero que vc se lembre, se um dia chorou por alguém ou deu seu ombro para alguém chorar.

Não quero que ninguém diga que eu era um bom homem, pois o grande juiz estará me esperando para refletir sobre minha vida, só quero que você se lembre se um dia foi bom para alguém, se fez caridade.

Não quero ninguém lamentando que terá saudade, pois serei espírito, e estarei em todos os lugares, só quero que vc se lembre das vezes que conversamos e sorrimos juntos.

Não quero ninguém debruçado sobre meu caixão. Alisado meu rosto demonstrando amor, pois amarei a todos. Só quero que você se lembre se um dia me Disse “Eu te amo”.

Lendo este texto, gostaria de dizer ao senhor meu Pai: sei que nós não dissemos “Eu Te Amo” com a frequencia que deveríamos dizer, em 38 anos de vida, eu me lembro as poucas vezes que dissemos isso um para o outro, e talvez por isso que hoje em dia eu diga isso todos os dias para minhas filhas, para minha esposa e para minha mãe. As vezes precisamos errar por muito tempo para de fato aprender, nós erramos juntos e aprendemos juntos, cabe a mim agora passar este ensinamento as minhas filhas. Obrigado por me ensinar.

Fique em paz meu querido, te amo!